Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008

Again

Ano novo já... Às vezes é um pouco esquisito de como aquilo que mais nos doi, mais nos magoa passou há tanto tempo atrás e não nos esquecemos disso, quando o dia de ontem desvanece em poucos segundos na nossa memória. Persistente, esses acontecimentos. Como um martelinho daqueles irritantes que usam nos santos populares, que não para, não descansa, irrita, não desiste. É nestes dias que eu gosto de estar em casa. Não ir à faculdade. Não abrir sequer as persianas na janela.Não abrir as luzes. Não cozinhar, não estudar, não pensar, não trabalhar, não nada! Depois,quando a fome ganha, levanto-me da cama, e como qualquer coisa, provavelmente fora de prazo, pois já não vou ao supermercado há uns três meses, às vezes o meu irmão é que me traz algo. Nem me dou ao trabalho de ver se tem loiça para lavar, ou se o chão está sujo... Dirijo-me à casa de banho e encho a banheira até acima. Não com água quente, mas a escaldar, e fico ali uma hora. Deito-me e deixo-me ficar até a água ficar quase fria, não existe mais limite, eu sou parte da água, de onde ela veio, faço parte deste mundo.Pelo menos desta vez.

 

De repente, vem me à memória o que eu não queria lembrar. A cara encapuzada dele, a mão grande a agarrar firmemente o meu braço, com mais força, já magoa! Solto um grito, olho para trás onde o meu irmão estava, está caído no chão com a cabeça a sangrar. Fico aterrorizada, tento libertar-me daquele sujeito. Dou-lhe tudo o que tenho, digo-lhe que vá embora, mas ele náo deixa. Atira a minha mala para o chão. Bate-me, até que me deixa no chão... Não quero pensar nisto!!

 

 Saio da cama, seco o cabelo, visto a roupa que usei dois dias atrás e vou à rua pela primeira vez em muitas horas. Os olhos ficam um pouco cegos no início, mas acostumam-se, e lá vou eu às minhas tarefas do costume,que me afastam esse martelinho indesejado da mente...

música: Issue - Sick Puppies

publicado por barbro às 22:56
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Quinta-feira, 1 de Novembro de 2007

Não esqueci

Hoje é o dia em que muitas pessoas vão ao cemitério visitar as campas das pessoas queridas que morreram, se bem que por vezes nem são queridas, fazem-no como se fossem obrigados, mera cortesia. Como quase todos, ou mesmo todos os assuntos, este está recheado de ironia, hipocrisia e de falsas simpatias.

 

Acordei cedo, tomei duche, e ainda meio a dormir, vesti-me. Não pensei em nada. Dirigi-me à igreja para assistir à missa, mas foi quase vão, não ouvi metade do que o padre disse. Sozinha, como sempre,pois o meu irmão já não vai a uma igreja desde que a nossa mãe morreu, e o meu pai também, aliás nem falo com ele há bastante tempo.

 

Por vezes, fico a observar as pessoas que vão à missa. Os mais idosos dormem, os mais novos correm de um lado para outro. Há quem, como eu, às vezes se perca nos seus pensamentos e divagações acerca de tudo um pouco, até do que o padre diz e que se ouve uma vez por outra.

 

Quando a missa acaba dirijo-me ao portão preto, alto, com uns desenhos estranhos que permanecem na minha memória.Vejo que as outras pessoas também se dirigem para lá, levam flores. Eu não. Acho que as pessoas as apreciariam se tivessem vivas,não depois de mortas, não lhes vale de nada. Não podem sentir as pétalas fugidias de várias cores, de diversas formas, não podem sentir o seu cheiro, seja ele mais agreste ou suave. Prefiro dar as flores enquanto as pessoas ainda as podem apreciar.

 

Percorri o trilho largo que dá para muitos carreiros mais pequenos, labirintos minisculos que contornam as campas. Observei e tentei perceber qual o melhor caminho para chegar onde queria. Decidi-me e avancei. Os minúsculos passeios por onde tínhamos que passar encontravam-se cheios de terra e lama. Reparei em certas campas mesmo pequenas. Odeio ir ao cemitério, traz-me má recordações. Vi a foto, conhecia-a. Parei à frente da campa e rezei, duas ou três vezes a mesma coisa, mas rezei. Acho que nem prestei atenção ao que dizia, concentrei-me apenas no que eu pedia.

 

Relembrei-me do dia do enterro, é algo que nunca esquecerei. Às vezes gosto de pensar que não aconteceu, que foi apenas um sonho mau  como quando eu era pequena. Falar disso ainda mexe comigo, lembro-me de pormenores que aconteceram. Prometeste que me ensinavas a dar mergulhos. Ainda hoje não sei dar, nem tento. Já passaram três anos, mas não esqueci.

sinto-me:

publicado por barbro às 17:34
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Domingo, 23 de Setembro de 2007

O reencontro

Já melhor, no entanto não totalmente recuperada do que me aconteu, hoje reencontrei o meu pai desde aquele dia.

 

Fui com o meu irmão lá almoçar,pois nunca mais o tínhamos visto, nem ele a nós. Disse que tinha estado "ocupado" com o trabalho. Claro que foi só uma desculpa muito mal inventada, diga-se, para não ter que me visitar nem ter que fingir que é pai. Sim, porque nunca o foi, nem o será agora. Deixei de ter pais muito cedo, quando a minha mãe foi morta daquela forma trágica e horripilante... Ainda me deixa um nó na garganta quando refiro isso, e já basta por hoje de emoções fortes,quer sejam elas de ternura ou de ódio.

 

A tal loiraça não estava com ele... Ainda bem. Teria-me enfurecido ainda mais se ela lá estivesse. O almoço foi banal, comida péssima, como é costume, conversa de circunstância acerca de tudo e de nada. Mas não houve nenhuma alusão ao que me aconteceu, não demonstrou nem um pouco de curiosidade de como aquilo ocorrera, se eu já estava bem, forade perigo,nada. O meu irmão, Acke, também notou isso, mas como é habitual, guardou o que sentia para si e não fez comentário de espécie nenhuma. 

 

Irritou-me a sua apatia, nem sei porque fomos almoçar lá com ele. Disfarçou tão mal o seu mal-estar por estarmos lá, eu sei que ele gosta de estar sozinho, mas também, é demais...

 

É nestas situações que mais tenho saudades da mãe, ela costumava apoiar-me. Sinto-me um tanto ou quanto sozinha, e se não fosse o meu irmão estaria completamente sozinha.

 

Não sei quando voltarei a ver o meu pai, ele nem referiu uma próxima vez para o visitarmos, nem um "Melhoras", ou "Um dia destes visito-te", nada! Apenas disse "Agora tenho de ir trabalhar,já estou atrasados", e foi-se embora. Deixou-nos em sua casa,ali, sozinhos, estupefactos. E foi-se embora assim. Sem mais explicações.

 

Então o meu irmão trouxe-me a casa. Eu não queria,mas ele disse que eu não devo sair de casa sozinha, pois não estaria a salvo. Por vezes, assusta-me com diz isso...

sinto-me: decepcionada

publicado por barbro às 15:07
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Terça-feira, 11 de Setembro de 2007

Em recuperação

Já estou em casa, mas estou que não me mexo. Sinto-me tonta de tanta porcaria que ando a tomar. Estou completamente dependente do meu irmão, que vem cá quase todos  os dias e que trata das coisas,sim, porque eu não consigo fazer nada. Que porcaria!

 

Vejo que o meu irmão tinha razão no que dizia, e que eu na passei de  ingénua...

 

Não me restam mais forças para continuar a escrever. Outro dia falarei do que aconteceu,se tiver coragem para isso.


publicado por barbro às 20:22
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Quinta-feira, 16 de Agosto de 2007

Já não é paranóia, é real...

No domingo, dia 5 de agosto, fui com a minha irmã desde o Porto até Coimbra de carro para preparar tudo para a festa surpresa do nosso pai. Fui contrariado, claro... mas fui.

Chegamos lá por volta das 16h00 e a Barbro começou a preparar tudo até ao mais ínfimo pormenor, enquanto eu apenas observava e ajudava apenas em absoluta necessidade (como por exemplo: colocar balões no tecto). A festa estava programada para começar às 19h00, hora em que o pai voltava do seu trabalho na empresa (trabalha ao domingo devido às horas extraordinárias, embora não tenho problemas financeiros).

Eram 23h00 quando ele chegou, sim 23h00!!! Chegou acompanhado por uma mulher, aproximadamente 1,75m, cabelos longos e loiros, olhos absurdamente azuis, não teria mais de 22 anos. Sempre se interessou por mulheres com cabelo loiro e olhos azuis, talvez pelo seu cabelo ter sido loiro também um dia (agora é branco) e pelos seus olhos serem também azuis ou secalhar porque lhe faz lembrar as mulheres suecas. Já depois de eu ter feito um enorme esforço para dizer "surpresa!" a pedido da Barbro, olhei para o meu pai durante um tempo com um ar de sacana e quando ia perguntar quem era aquela gaja ele interrompe-me e apresenta-a:

- esta é a Vitória, uma colega minha - disse ele

a Barbro ficou algo chateada, pois julgava que o pai lhe estava a mentir... mas acabou por nada dizer. Olhei para a gaja e pensei sarcásticamente:" Vitória? isto não é nada nome de striper, nem tem cara disso a miúda." ...enfim, ele lá sabe o que faz.

 

Porque é que este gajo faz anos? cada vez que faz anos é mais uma vez que tenho de o ver, não há paciência. A minha relação com ele dá-se mais através da conta bancária.

 

Quase obriguei a minha mana a ir embora comigo, pois estava farto daquela treta. Às 02h00 fizemo-nos à estrada  e passados 30 minutos decidimos parar numa estação de serviço, estranhamente não estava lá ninguém. Ao reabastecer vi um carro que parou ao meu lado, mas nem liguei.

Lembro-me apenas de acordar numa cama de hospital no dia 7 de agosto, Traumatismo crâniano provocado por um taco de basebol. Depressa pergunto a uma enfermeira onde está a minha irmã e se está tudo bem com ela.

Após se ter informado convenientemente, a enfermeira informou-me com uma voz engasgada de que a minha irmã havia sido brutalmente esfaqueada depois de eu  já estar inconsciente. Segundo o que me foi dado a conhecer na altura ela ainda corria risco de vida e estava em coma induzido, fui autorizado a ir vê-la alguns dias depois. Estava bastante ferida, tinha as feridas com padrões semelhantes às que me marcaram com estas cicatrizes até que chegue o dia em que terei de me reconciliar com a Natureza. Não quero falar muito sobre a localização das mesmas, pois apodera-se de mim uma melancolia assassina.

Voltei para casa no dia 11, mas só agora me senti com força para escrever isto...

Tenho agora a mais absoluta das certezas de que quem fez isto à Barbro foi a mesma pessoa que já me havia esfaqueado à alguns anos. No dia 10 a Barbro já estava consciente(não correndo perigo de vida) e disse-me que quem lhe atacou usou uma máscara preta, tal como havia sucedido comigo.

Estou completamente doido, um megalomaniaco quase... sou capaz de matar alguém que me irrite.

Agora é melhor ir ver a Barbro(como faço todos os dias) que está quase na hora de visitas e ela ainda vai ter de estar entre uma e duas semanas no hospital.


publicado por Acke Olsson às 11:48
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Sábado, 4 de Agosto de 2007

Surpresas...

Hoje estou estafada, acho que vou desmaiar de tanto andar em volta!! Estou acordada desde as 7 da manhã. Fui ao mercado, ao supermercado e outras lojas onde posso encontrar produtos especificos para o que pretendo... O meu pai faz 49 anos amanhã e eu tive a ideia de lhe fazer uma festa surpresa. O meu irmão, quando lhe contei a minha ideia limitou-se a soltar um grunhido, espero eu  de concordância.

 

Estou a escrever isto porque sei que o meu pai não o verá, uma vez que não tem computador nem internet, nem sabe da existência deste blog...  E não tem qualquer interesse por estas coisas.

 

E aqui estou eu no sofá do meu apartamento, ainda com a roupa que levei para ir fazer as compras, e com a bancada atulhada de compras. Tenciono fazer os pratos preferidos do meu pai, ou pelo menos algo de que ele goste, pois não estou certa do quais serão os seus  pratos preferidos...  Esta será a primeira festa desde o último aniversário  da minha mãe, tinha 42 anos quando morreu, e isso já foi à cerca de três anos. Ela gostava tanto de festas como eu, ela é que costumava prepará-las a todas, bolos perfeitamente decorados, balões, serpentinas, todos os amigos na festa... Excepto o meu pai, era muito raro ele estar presente numa festa, e se estivesse ficava a um canto sem falar com ninguém...

 

Mas esta será só connosco, só os três, por isso penso que não haverá problemas, pode ser que nos aproxime um pouco, pois acho que o meu pai tem estado com problemas na empresa onde trabalha e tem-se distanciado cada vez mais de nós (eu e o meu irmão).

 

Agora não me posso demorar mais, tenho que arrumar as compras e começar a fazer os doces, pois tenho muito trabalho pela frente! Sinto-me animada com esta festa... Acho que vai ser boa...

sinto-me: motivada

publicado por barbro às 12:39
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Quarta-feira, 1 de Agosto de 2007

Olá!

Olá.

Sou a Barbro. Este é o meu blog e o do meu irmão. Da nossa família, se é que ainda posso considerar que tenho uma família... O meu pai é-me totalmente estranho e alheio, a minha mãe morreu há dois anos e apenas me resta o meu irmão que ainda tem presente na memória, mais do que no corpo a marca de um terrivel acontecimento, foi esfaqueado quando era muito pequeno. Acho que isso o tornou um pouco obcessivo acerca de tudo, sempre à procura de algo para libertar a raiva...

 

Apesar dos seus defeitos, tem me ajudado muito neste curso que agora inicio de Advocacia. Sou estranha neste país, pois não sou natural de cá mas sim da Suécia, daí o meu nome; sou estranha na minha faculdade pois pensam todos que a minha família ou o que resta dela  é louca e também porque não falo com ninguém mais do que é estritamente necessário...

 

Sou estranha na minha vida, onde não me conheço e sinto falta de algo que me escapa e que não consigo definir nem tornar real...

 

 


publicado por barbro às 23:46
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1-Hoje

Mais um dia de merda neste país de merda...

Estou de férias e não tenho nada para fazer. Hoje fui ao cinema e adormeci a meio do filme, cheguei a casa e dormi no sofá com a televisão ligada até às 21h00. Acordei com umas dores de merda numa das cicatrizes que não me deixam esquecer o dia em que fui esfaqueado por um indivíduo não identificado à quase 9 anos. A mãe também foi esfaqueada à cerca de 2 anos, esteve 3 semanas em coma e acabou por morrer numa deprimente cama de hospital. Ela gostava que eu me licencia-se em medicina... e pronto, vou para o terceiro ano do curso de medicina com 2 cadeiras em atraso, merda de curso... mas podia ser pior.

A maior parte dos meus colegas(sim colegas, porque amigos não tenho) querem ser bonzinhos; querem ser um micro Jesuszinho; querem agarrar a mão dos pacientes quando estes estiverem a morrer; querem, em suma, ser santos. Eu não quero nada disso, queria sim destruir esta paranóia que de mim se apoderou desde que fui esfaqueado e que se agravou com a morte da mãe... A verdade é que temo pelo meu pai e pela minha irmã, a Barbro tem sofrido bastante desde que a mãe morreu; o pai não demonstra qualquer sentimento em relação a isso, mas tenho a certeza que vive armagurado.

Penso bastantes vezes no que me aconteceu a mim e à minha mãe, talvez tenha sido a mesma pessoa a nos atacar... por vezes fico possuído por uma vontade insana de vingança, se soubesse quem fez isto certamente o/a matava!

A energia falta-me, está um calor insuportável, vou ler o resto daquele livro que deixei a meio e depois vou dormir...


publicado por Acke Olsson às 22:58
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